Vestígios de Ontem
As sentinelas da tarde
Acabam de chegar
Para lacrar-me a casa
Com Circunspecção
A essa altura da Estação
As árvores capitulam
Às exigências do Solo
“Encantador de folhas”
Retiro os olhos
Das páginas já escritas
Mas já me apropriei do enredo...?
Deus,
Os acontecimentos de ontem
Foram levados de diferenças
Ou os fados eram mais animados
Ou não se ouvia o Toque-de-Recolher
Essa cidade
Abotoada de Significâncias
Quiçá
Possa
Um dia
Devolver meus Bens
Mas os dias de ontem
Não se foram banais
Frissons, bebedeiras, correntezas
Ancoradouros
Pupilas Irisadas...
O Céu
Em Advento de abril
Sabatinava-me as retinas
Com o Desconformismo
Das matizes
Do Azul...
Sofria Orgasmos visuais
Bebia da Policromia
Do ocaso
Verbalizava Sugestões
Trazidas com o Vento
Rebentos de
“No me olvides”
Brotavam nas cercanias
Orgias de madrigais
Acordavam curiosas manhãs Austrais
Era a Benfeitoria do tempo
Beijando
Meus ombros desavisados
A música profana
do Mar
escandalizava o dono do cais
que se benzia em sonoros ais
Hoje
qualquer brisa passageira
descobre meus segredos ciganos
O canto dos vendavais
arrefeceu
Assim como eu
Perdeu a virtuosidade
Das manhãs.
Maridilce Gonçalves