No alto e só azul, rememorando
vestígios de passado, estanho e cobre,
vou de manhã à noite depurando
bronze e açúcar, desde o pobre dobre
das madrugadas comuns, chamando
para o ofício diário. Que me sobrem
forças para o meio-dia, forjando
o ouro e a festa que o vale encobrem.
Naquelas tardes longas, nem sei quanto,
espalho aquele triste dobre sobre
os mortos, lentamente apunhalando
os que ficam sem nada ter de nobre.
Vim de Inglaterra. Vou nobilitando
sangue, cachaça e o que mais me toque.
Paulo de Tarso Correia de MeloDo livro: "Rio dos homens", Ed. Bagaço, 2002, PE
Enviado por Moacy Cirne, in Balaio Porret@ nº 413, de 14 de fevereiro de 2004