A mulher e a idadeAlberto CarmoAos vinte, um riacho em licor
Aos trinta, uma foz de aguardente
Quarenta, corredeira em tinto
Cinqüenta, caudaloso PortoE basta uma noite lenta
Ela nos beija em quarenta
Em vinte nos faz ditosos
De trinta mil beijos quentesE gozos pra lá de cinqüenta
Exaustos na teia formosa
E quanto mais passa o tempo
E ela mais nos animaA gente se faz de morto
Sedentos de amada torrente
E quanto mais dá alento
E me embebeda a meninaFaz-me a mulher mais faminto
Pleno de seiva e de amor
Rima a mulher o homem lento
Cava um moleque no ventoTece a fúria em lua calma
E enlouquece e alucina
Escravo fiel de bel'alma
Da doçura feminina