BRIGA DE NAMORADOS
Tudo acabado entre nós, definitivamente.
Não te amo, não me amas, — tu me dizes...
É verdade que fomos bem felizes,
E foi bem bom nosso amor. Unicamente
Assim, bem assim, dessa maneira,
Não podia durar a vida inteira...

Tudo tem o seu fim aqui na vida,
E, afinal, o amor não é exceção.
Ontem te amei, amanhã, já esquecida.
Talvez nem lembre que te dei meu coração.

Devolvo tuas cartas. São bonitas,
E podes aproveitá-las para outras mais.
É só mudar o nome, porque as ditas
Se são de amor, são todas sempre iguais.

Chorar? Eu? Não, isto é tolice,
Lágrimas são fraquezas, já se disse,
E eu não sou dessas coisas, podes crer.
Não penses, pois, que teu desdém me afete,
Eu sei erguer uito alto o meu topete,
Não será isso o que me vai vencer.

Adeus, então! — eu lhe diria altiva,
Adeus! — ele diria displicente,
Eu iria para o norte, esportiva,
E ele para o sul, bem simplesmente.

E é assim, ó meu Deus, que todo dia
Eu sonho em acabar esse namoro
Fingindo esse desprezo, esta ironia
Sem dores, sem tristezas e sem choro.

E isto seria, afinal, bem merecido,
Pois sei que é falso, mentiroso, convencido!
Mas quando o vejo, então, Nossa Senhora!
Fico gelada, tremo e sofro tanto,
Que todo o meu discurso nessa hora
Se afoga totalmente no meu pranto!

Do livro: " A criança recita" (poesias infanto-juvenis). Ed. Minerva, Ltda, 4ª ed., 1965, RJ

                                                                          Magdalena Léa Barbosa Correia

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