ENCONTRO MARCADO

O relógio sempre lerdo,
sempre lento, sempre perto.
Vi o Diário e li Santa Catarina.
A florista do filme de Carlitos
jovem e simpática.
Vi o sapateiro da esquina
fechar a caixa de trabalho.
Os pés rápidos nas calçadas.
Só os ponteiros do relógio
no infinito se emperraram.

As luzes se acenderam.
As luzes se apagaram.

Na colméia a abelha
tecia o seu salário.
Só do olho do mosquito
se enxerga o infinito,
com as coisas mais
dessas imprestáveis do universo
se constroem satélites e anos-luz.
Esperei um ano-luz de relógio.

Esperei você
no lugar marcado.
Tomei a Consolação,
fui-me embora no Rosário.

                             Maria do Socorro Ricardo

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