SONETO PARA A SEXTA-FEIRA
Si a sexta-feira é treze, nem precisa
que seja o mez de agosto: o cara à rua
ja sae desconfiado de que a brisa
que desde hontem soprou não continua...
Foi dicto e feito: pelo radio, avisa
a meteorologia, nessa sua
mania de alarmar, duma indecisa
tormenta, que ora avança, ora recua...
Mas chega a chuva, e della não escapa
quem tenha um guardachuva ou traga a capa:
a enchente faz das ruas uma zorra...
Em casa elle não volta antes da aurora
do sabbado... E colloca para fora
a praga mais macabra que lhe occorra...
Glauco Mattoso