LUAR DO SERTÃO

Não há, oh gente oh não,
Luar como esse do sertão

Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão...
Este luar cá da cidade
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão...

Não há, oh gente oh não... (REFRÃO)

Se a lua nasce
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega
Na viola que ponteia
E a canção
É a lua cheia
A nos nascer do coração

Não há, oh gente oh não... (REFRÃO)

Coisa mais bela
Neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua
É que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar

A gente fria
desta terra sem poesia
não se importa com esta lua,
nem faz caso do luar...
Enquanto a onça,
lá na verde capoeira,
leva uma hora inteira
vendo a lua, a meditar..

Não há, oh gente... (REFRÃO)

Ah, quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez

Não há, oh gente... (REFRÃO)

Se Deus me ouvisse
Com amor e caridade
me faria essa vontade
o ideal do coração:
era que a morte
a descantar me surpreendesse
e eu morresse numa noite
de luar do meu sertão.

Não há, oh gente... (REFRÃO)

                      Catulo da Paixão Cearense

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