Guardo tuas coisas para uma viagem
(em que tempo?)
em que vagão viajaremos — e as janelas
abertas pr’uma paisagem verde...!?
Guardo tuas coisas para uma viagem
(em que modo?!)
no modo presente, no modo advérbio —
passado:
passam, passam coisas
que os meus dedos aos lábios, de uma mão
perfeitamente
trêmula,
cantam uma canção distante:
silêncio.
Guardo tuas coisas para uma viagem
(em que vontades?)
pois se me fugiram os cavalos meus,
arrebentados todos os trens, mortos os
condutores de todos
os carros,
naufragadas todas as jangadas
e o mar
brutalmente mar,
mesmo assim,
as coisas tuas guardarei, fiel:
(onde?)
navegar é possível.
Do livro: "Psi - a penúltima", Edições
Papel em Branco 1997, BA