CAMPUS

Então eu tenho a obrigação de escrever para a intelectualidade
Para agradar os críticos, os filólogos e tecnicistas da faculdade
Não me é dada, por eles, a liberdade
de usar o sistema de três rimas seguidas
“É foneticamente desagradável”
“Para o leitor o eco é impalatável”
“Ela tem de vez em quando Parnasianas recaídas”
Eu não escrevo para os agradar
Estes mestres que vem me enganar
que tenho chance de ser reconhecida
sem ao menos ter dado uma rápida lida
neste livro não aceito pelos pseudointelectuais
levado na bolsa como os de poetas marginais
Afinal, do que valeriam os escritores
se não existissem leitores ?
Onde está a liberdade formal modernista ?
Por que não posso me utilizar das conquistas
que o passado me legou ?

Ana Marta

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