Vagueio pelo deserto
em busca de água.
A direção é traçada pelo acaso,
pai de todas as coincidências.
Se vejo caravanas,
não passam de uma miragem,
uma esfinge na areia
apontando o semblante do passado.
Presto atenção às dunas,
sinto o calor,
pressinto uma revelação
e me preparo para o amor.
Sento-me sob as palmeiras,
bebo um pouco de vinho e adormeço.
Respeito o silêncio,
dando um pouco do meu.
Ao acordar, a imagem querida
continua num sonho diferente.
Esfrego os olhos, uma leve fragrância
adoça as narinas e o coração palpita
cada vez mais forte.
A caminhada é longa,
cheia de experiências.
Há uma chama no horizonte;
para lá me dirijo, com a convicção
de que encontrarei um fogo ainda maior.