A vida e a arte
— Escrevo melhor que sou
Dizia, humilde, o velho poeta.
Eu concordava, mudo.
— A poesia eu reescrevo,
Lapido, dou polimento...
Quanto a mim:
Para mudar
Uma só velha mania
Quantos anos levei!
Este sorriso que você vê,
Há décadas ensaio.
Não como ator, que finge
Mas como autor, que sou.
Se ele é hoje menos amargo
Custou-me muitas lágrimas.
Ainda dizem que a vida imita a arte!
A arte é que deveria meter-se na vida
E dominá-la, submetê-la...
Alguns não resistem a ela
E se entregam: esses são os grandes.
Conversa encerrada. Eu, mudo.
Assino embaixo.
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