Trago em cada célula
do tecido fibroso de minha carne,
a história milenar da raça.
Todos os horizontes perpassaram minhas retinas
empalando pupilas, corrompendo meninas.
No pulsar do meu coração
o ressoar de tambores primais,
ecos de ritos tribais,
manifestações de júbilo e revolta
em volta do fogo perene da existência.
Na hidrografia de meus vasos sanguíneos
navegam naus perdidas
em seus sonhos de conquistas,
repletas de homens de olhares agrilhoados
pela inocente ilusão de futuro.
Minha respiração obedece ao ciclo dos tufões
e varrem para além das mucosas nasais
o cheiro choco dos charcos
e o lixo acumulado sob o tapete carmesim da alma.