a F. Árias
Na curva do tempo
meus cabelos negros
teus cabelos brancos
teus sonhos azuis
meu retrato em branco e preto
sem tirar nem por
o desconcerto do mundo.
Mal-me-quer o tempo
assim, pelo avesso:
um barco à deriva
um campo sem flor
e o mais que imperfeito
entre Marília e Dirceu
Tristão e Isolda
Quero Paz
e o tempo me quer
na foz dos meus cabelos brancos.
Teus cabelos negros no meu dorso
são trilhas sagradas. Sou o teu refugio
argila em tuas mãos...
Beijo teu corpo febril e amanheço
Todavia quisera viver o tempo do amor
assim, mais-que-perfeito
e o que me fica
é uma esperança parda
sobrevoando o abismo da solidão atávica.
Tudo que me fica é um fio de luz
para ser mais sombra