Ah se eu tivesse...
Um pedido a fazer
Um desejo a ser realizado,
Eu não hesitaria,
Ousaria querer:
Um gênio dentro de mim
E afinal poderia ser:
Um desses poetas de botequim,
Que entre soluços
E passos incertos,
Vive a cambalear
Com as palavras
E a vomitar versos,
Como quem alivia o peso
Da consciência aflita
E suar canções
Como quem liberta
A alma de tudo que a conflita.
Eu seria enfim,
Estrela sem luar
Teria orgulho de mim
De ser um nome,
Aquele sempre esquecido
Das conversas de bar,
Brilhar anônimo,
Mas pelo menos brilhar.
Me olhar no espelho e sorrir,
Me ver em frangalhos
E ainda sorrir,
Dormir na calçada
E ser gênio sem lâmpada.
Eu quero, espero e poderia
Sentir o gosto de não ter nada...
Do que para muitos parece ser tudo.
E seria louco, por ser feliz
A curtir o doce relento
Da fria madrugada
E morar nos becos,
Pra ter sempre uma saída.
Desse mundo eu não teria nada,
O essencial seria muito pra mim
E mesmo assim, o contento viria
Eu incorporaria sonhos
Se fosse como me chamam em sonhos...
Poeta de botequim.
Ainda encarnaria gênios
E não teria tanto medo de mim
Eu seira Gil, Caetano e Gilberto...
sutil como o calor do inverno,
Esperto como vento de verão,
Minaria palavras,
Seria coração,
Me banharia em versos,
Seria mágica
E viajaria em canções,
Me acharia perdido em paixões.
Eu viraria tempo,
Mas seria tempo
Sem muitas estações,
Seria enfim,
Poeta de botequim
Seria feliz, seria sim,
Para muitos, louco,
Vagabundo,
Mendigo demente,
Mas pra mim,
Poeta contente,
Poeta de botequim
Seria sim e assim
saberia ser rico....
Sem ter ou buscar milhões.
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