Tenho em mim a descrença milenar da pedra
que temendo a queda se acomoda.
Beira de estrada é seu leito,
grota funda sue castelo.
Tenho em mim o pavor supremo da formiga
que temendo o tatu se esconde.
Toca escura é seu abrigo, vão de fresta seu tugúrio.
Tenho em mim a fome insaciável do chacal
que temendo o deserto se entoca.
Duna alta é seu escudo, oásis sua armadilha.
Tenho em mim o temor sincero de quem ama
e temendo o adeus se desespera.
O não da amada é punhal,
seu talvez minha cicuta.
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