A manhã com furor cospe
O hóspede inesperado na noite
E com lágrimas ardorosas
Molha as rosas
Que escolhi para meu jardim
Querubim, quero-te em mim
Que toda esta chuva
Curva amofinada
Na reta em que singra o relógio
Acostumo-me aos sóis
Lençóis sempre desfeitos
Mas fogem-me teus peitos
Quero-te em mim querubim
Que o torso cavo
Cravo que não brotou
Não lhe cabe enfim!
Canso-me da horizontalidade dos corpos
E dos olhos em riste
Não sei se existe
Teus olhos para mim.
É por isso que se vai a chuva
E turva-me a vista
Veste teus beijos de bem-querer
Que a horizontalidade é a lei
E o colchão macio!
Aproveita teu cio
Que me rio do tudo
Luto dos dias nublados
Em que há só eu
Horizontal você
As janelas fechadas
E a perda…