PRA NÃO SE AFIRMAR, DEPOIS, QUE, POR CAUSA DA EUFORIA
GERAL,
NOS ESQUECEMOS DE DIZER ISTO.
I
Há-me um otimismo espasmódico
(dos que ferem a crença angelólatra,
assemelhando-se ao escândalo),
de que: ao (que tanto anseio) término
do séc’lo (em demasia pródigo,
se ao bem do Humano é posta a ótica),
morram junto com’ele os elásticos
(por si paridos, ditos ótimos),
valores do sistema aético,
que ajusta a corrupção endêmica,
que acoberta o vilão político,
que abarrota a "casa metálica",
dá-se inteiro à praxe estratégica,...
— espécie de assertório hipócrita,
o sine qua non, d’um prestímano,
pra’existir praxis democrática
(mal colada, do "povo" helênico,
por paus-de-amarrar-égua estrábicos).
II
Vade retro, satana-century!
desperdiçaste o estratégico
boom, as "mais-valias" e tuas máquinas...
e o top do progresso científico.
Intentaste em matéria plástica
seres e coisas — até o lírico!;
burlaste o popular, ao máximo,
e vulgarizaste o artístico.
À ostra, deste os Gandhi e os Schweitzer;
deste, à media, os teus idiopáticos,
por lucro, deificaste azêmolas,
hediondos morais e trânsfugas.
Quanta ciência... e nenhum bálsamo...
Multiplicaste os pusilânimes
regentes das falas quiméricas:
de ocasião — sobre o ecológico;
massa de manobra — o silvícola;
promessas vãs, em high fidelity,
para a multidão de famélicos...
III
Por aqui, mais deves, ó século!:
abandonaste à sina mísera,
nos hospitais — filas mortíferas —,
os carentes de hemodiálise;
sem estufas — bebês agônicos.
Prostituiste antes de púbere.
Ao velho, o teu sorrir sardônico.
Às que nos dão ventres prolíferos,
a morte-em-parto em mundiais records.
Acrescenta a teu fim grandíloquo
os clamores desses misérrimos
...enquanto o erário da res publica
serve bem à malsã política.
IV
O gran finale é o sexo em plástico!
Por favor, pano rapidíssimo!
(dezembro de 1997)
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