Mando-te esta flor. Há de assentar-te bem...
E rogo que a tragas sempre às mãos pequenas.
Não porque perfume mais que as açucenas
Ou tenha a cor que nem mesmo a rosa tem !
Mas porque, sendo ela de papel, também,
Como tu, nesta ingenuidade que encenas,
Não revela n’um ligeiro olhar apenas
O artifício que estas pétalas contêm.
Esta flor, amigo, fina mão de artista
Armou de crepom tocado em rara essência
que se tanto engana o olfato, engana a vista.
E que ideal — suponho, — ela em tua mão !
— Cada qual a mentir mais com a aparência :
A flor sem vida, tu sem coração.