Na solidão de meu quarto,
Derrubo paredes e descortino horizontes,
Pois nada pode conter uma mente em movimento.
A máquina e o papel se misturam no trabalho,
Em simbiose com o homem, que viaja.
Crio enredos, lugares e pessoas que nunca vi,
Dando-lhes vida, movimento e autonomia.
Me transporto para dentro da página e me personifico,
Transpondo limitações e utopias.
Trabalho o belo e desperto para o útil,
Planifico ações, conectado ao infinito.
Do universo retiro a seiva, energia suprema,
Pura inteligência de uma força ao nosso dispor.
Teço planos, imagino ilusões, mas ainda não consigo,
Trazer um pouco desta viagem para o campo do tangível.
Meu coração pulsa sozinho na espera, sonha e aguarda,
O momento que uma energia se sintonize com a sua,
Irradiando luzes que ofusquem as sombras,
Da escuridão de meus sentimentos.
Uma luz me acena ao longe,
Sinalizando para outros caminhos a serem trilhados,
E canalizo energias neste sentido.
Mas falta-me a energia da emoção e a realidade do sonho,
Como lenha na fogueira, combustível do calor da alma.
E sigo criando, buscando e agindo,
Balançando a esperança nos braços,
E espargindo a beleza,
Nesta grande viagem de meu dia-a-dia.