Assim como o leite que talha
minha vida se atrapalha
e não tem conserto.
Minha moral anda na ponta do abismo,
a sanidade em labirinto
e minha ordem é desrespeito.
Passo por onde posso,
e por todos os lugares
tudo posso, nada perco.
Meus passos rumam caóticos
e sem a minha ordem
desaparecem debaixo de mim.
Meu corpo cai,
meus olhos não me acompanham,
e as mãos vazias nada mais segurarão,
uma palavra — nenhuma voz,
porque ninguém me escuta
enquanto minha alma sai,
meu corpo morre.
E já então partido,
num grandioso silêncio,
fico vendo, e torcendo
a vida se esgotar
e fecho os olhos, ofusco a vida
não quero ver o que virá em seguida,
tento esquecer que depois disso
vai ter mais.