Dez negrinhos numa cela e um deles não mais se move.
Manhã cedinho eles contam: e só tem nove.
Nove negrinhos fugindo; um deles, o mais afoito
dançou — os guardas pegaram — fugiram oito.
Oito negrinhos trabalham de revólver e canivete;
roupa cáqui vem chegando; correram sete.
Sete negrinhos seguiam pela rua de vocês.
Um pai chamou a polícia; fugiram seis.
Seis negrinhos dão o balanço: bolsa, anél, relógio,
brinco...
houve um erro na partilha e viraram cinco.
Cinco negrinhos de olho na saída do teatro;
um vacilou, deu bobeira, sobraram quatro.
Quatro negrinhos tormbando. Todos quatro de uma vez.
Um deles o cara agarra — mas não os três.
Três negrinhos batalhando feijão, farinha e arroz.
Um deu-se mal: a comida... dava pra dois.
Dois negrinhos se embebedam de brama, cachaça e rum;
discussão, briga, navalha... fica esse um.
E um negrinho vem surgindo
do meio da multidão:
por trás desse derradeiro
vem um milhão.