Te amo e me fascinas desde que te vi.
Por que te apontam ao nojo, ao escracho?
Por que atiçam algozes na caça ao travesti?
Não és meu igual, embora um facho?
Quem te fataliza, veste assim, tira o nexo?
Por que, mesmo em glória, és último na escala?
Quem arranca a roupa para espiar teu sexo?
Quem te mete na prisão e de atira na vala?
Sabemos, realizas o mais íntimo desejo
do coração do homem em roupas de mulher.
Como cluna, fetiche, quando passas vejo
Que ele tudo daria para por um segundo
ser o que és, um outro olhar, outro ver,
roubar de ti aquilo que criaste, um mundo.