Numa caixa de jóias, muito fina,
de seda purpurina,
De brilhante matiz,
Cintilavam rubis.
Tomei, em minhas mãos, o custoso colar
E cada um rubi começou a falar:
— Eu, disse o primeiro, sou o rubi oriental!
Nas pedras preciosas não conheço rival.
Sigo por sobre a terra, em marcha triunfante,
Pois diante de mim, curva-se o diamante.
Sou o mais forte, também e o de mais valor.
Eu simbolizo a vida, a alegria, o amor!
O segundo exclamou: — Sou o rubi-rubicela!
O terceiro gritou: Eu, o rubi espinela!
O quarto replicou, nüma voz deliciosa:
— Sou o rubi da Boêmia, a pedra cor de rosa!
O quinto bradou, com ligeira emoção:
— Eu tenho a cor do cravo, eu nasci em Ceilão!
O sexto continuou: — Na Índia decantada,
Eu surgi como a rósea madrugada!
O sétimo, que ao sol resplandecia,
Era um rubi do Brasil, trazido da Bahia.
O oitavo faiscava, docemente,
E tinha a cor dorida do poente.
O nono fôra encontrado em Ratuapura,
Era uma pedra de rara formosura.
O décimo, e talvez o maior do colar,
Viera do Tibet e deslumbrava o olhar.
Um outro rubi, quase minúsculo,
Guardava a cor magoada do crepúsculo.
Parecia querer se amesquinhar
Entre todas as pedras do colar;
mas tinha um brilho estranho e peregrino.
— "De onde vens" — perguntei ao rubi pequenino.
"Conta-me a tua história de pedra preciosa.
Vieste do Tibet? Da Índia misteriosa?
És, de certo, o rubi mais raro do Oriente".
E o pequeno rubi falou, pausadamente:
— Sabes por que o meu brilho é extraordinário,
Que ofusca a própria luz?
É que eu nasci no cimo do Calvário
Sou o rubi do sangue de Jesus!...