Ao branco, azul e rosa, junta-se o verde
sem o receio do vermelho alerta.
Aflora a malícia em cada esquina
quando o regozijo almeja
a inocência de um vício.
Também vivemos saqueando luxúrias
na transparência das vestes,
seios brancos como lápides
de cemitérios de aldeias.
Não mais quietude de pomar alheio ao furto,
persegue o coração qualquer programa
no desconforto da tarde opaca,
o triunfo de um bar no mercado
onde uma resignada matrona,
sem parentesco
nenhum com a crise, honra um berço
sobre o mar imenso de tantos naufrágios.
Do livro: "Ilhíada - uma trezena lírica",
Editora Athanor, 1995, SC