3.
— Sobre os meus ombros
recebo a carga
e chego à fábrica.
Com minha farda,
limpa de graxa,
eu movimento
o descompasso
da vossa estrada.
Agito a máquina,
registro a marca
de meu trabalho.
Sobre os meus ombros
nada desaba.
Produzo o tempo,
produzo o uso
dos meus comparsas.
Não danço,
embora mexa meu corpo
que vai e volta.
Mexo meus braços,
seguro a mola
que me assalta
atrás da porta
da vossa tática.
Poema do livro: "A quinta parede", Nova Fronteira,
1986, RJ