Fosse o amor valor soberano
em todo este planeta soberbo
eu seria uma rainha, você meu rei
E viveríamos as novas eras num palácio de papel
impresso com poesia, a tinta azul do céu
Pois de que vale o poder sobre a matéria oca,
Que alegrias traz o dinheiro rasgado pela intolerância?
Se não há sentido nas palavras lançadas a esmo
afeto nos olhares frios que nunca se cruzam
sonhos no coração que se esconde dentro de um corpo
É, os tais amores de hoje —
modernamente escassos,
pequenos, pobres, comuns —
Deixam seu rastro de loucura por onde passam
Seu vazio, mágoa do raso sobre o profundo
Ah... quisera eu que esses velhos mundos
mudassem de donos e, regidos por coroas sábias e tronos justos
girassem como um carrossel ligeiro,
e que o meigo sorriso da gente nesse passeio
corroesse a ganância
dissolvesse a ambição
devolvesse aos homens a perdida razão
No novo mundo, eu e você
teremos todas as riquezas de que precisamos no universo
Beijando-nos sob a lua que brilha como prata
as estrelas que são diamantes espalhados pelos anjos
e o sol que incandesce em ouro puro
Iluminando as estradas ermas e escuras
dos governos, dos povos, das famílias
E retornaria o simples aceno maternal do pomar
ou, vá lá, no alto de um prédio mesmo
um girassol nasceria e
sugaria deste tal planeta Terra
a tristeza, a miséria, a dor solitária
das almas que orbitam sem nunca descobrir a verdade.