Para a sola curtida dos meus pés
parece até que a única coisa que sei fazer na vida é
caminhar.
Pés de nômades me acompanham,
os de alma cigana me seguem acampamento afora,
os de retirantes são os que eu carrego.
Queria os pés dos colhedores de uva,
que se embriagam na fazença dos vinhos,
mas preferia em mim os dos que se apegam à terra.
Para a sola curtida dos meus pés,
que ora se enche se esperança e ora transborda de incerteza,
o que mais sobrou na vida foi caminhar.
A estrada, às vezes de pedra e às vezes de flores,
não oferece trégua ao andarilho que eu sou.