de mim
todos os corações partiram
esquinas acomodaram tristezas
testemunharam solidões avessas
sentei um dia na calçada da rua
acredito que alheio ao meu estar ali sentado
e pude ver nos olhos de todos
um pesar maior que o meu
eu, que nunca havia ali sentado
na rua última do destino
consegui ser pequeno em dor
pelas dores maiores que me desviavam
insólitas em seus caminhos solitários
mas ah! que me importa tantas grandes tristezas
tantas almas desarrumadas, descompostas de fim?
que me importa o não me verem tão pequeno?
e as preces de desespero?
e as pragas dos aflitos?
que me importa não existir Deus em tantos peitos?
importa a mim a minha dor pequena
que roubou das minhas horas todas as poesias
e dissolveu tristezas nas linhas não lidas do tempo
importa a mim a solidão só minha
em mim imensa
solidão de casa abandonada
de alma esquecida sem levar
quando todos partiram de mudança para a alegria
isto a mim importa
e, por favor, deixem-me quieto com o que me cabe...