Dormem os anjos
nesse abandono,
deitados nas calçadas, esse frio,
frio da fome
calada, de ausências.
Precisamos de anjos
no canto.
Branquinho ou negrinho
para as luzes da cidade
são todos escuros,
não se parte no céu
o vaga-lume.
A vida sobrevive, no simples sonho
sem agonias,
o prato de comida,
a roupa limpa.
A palavra é essência viva
para falar aos anjos.
Precisamos de anjos
do canto.