Tela
Como todo risco fino
Como toda renda difícil
o eternamente
O peso, as constelações consumidas
Como todo tricô real
Como toda primavera indecifrada
os fragmentos.
A trama, crisálidas lúcidas
no lavrar das mãos.
Mãos desprendidas
Mãos pacificadas
Mãos absolutas
Como todo repouso
Como toda imortalidade
O verbo soletrando fios do tempo.
O vinho embriagando vôos sem volta.
Outrora sonhar
o que não se sabe.
Outrora inventar
o que não se quer.
Com mãos
chamar fumaças
farelos amanhecidos de saudade.
Com mãos
revoar de lembranças
rezas tecidas por vícios.
Tão longe
e tudo existe
nasce o canto, sempre
(espaço da autora, mapa lagum a guiar, tempo nenhum).
Do livro: "Saciedade dos Poetas Vivos", vol. III,
Blocos, 1992, RJ
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