Você
que vende bugigangas
miçangas, folhas de pitanga,
patuá no bolso
tabuleiro, calçadão
ao crédulo que passa
compra e leva
ilusão à mão
Você
que vende disfarces
rosto cara a cada dia após dia
voz tropica
da rádio matutina
ao crédulo que escuta
velhos guardados em
silêncios de cortina
É hora de vomitar espumas
desondar sentimentos em praias
externar todo dito nos slogans feito
do interior mágico de todos os cuidados
É hora de explodir em gozo
espermar sobre seu ventre
nas contrações perintes
por tanto amor sentir...
Ah, verbo materno,
cuida da nossa lingua
ah, verbo eterno,
persiga o infinito
ah, verbo de barro,
nasça em costelas
Faça-se vergonha
papel de todas as parreiras
Faça-se sem pudor
papel de todos as amantes
Faça-se carne
como a mão da criação!