Me dá um beijo
Que passa
Esta desgraça
Ânsias de beber luar
De morrer na praia
Antes do mar
De contar segredos no bar
Fazer um ato de bravura
Cometer qualquer loucura
Fazer discurso na praça
E provocar arruaça
Depois de confraternizar
Se suicidar
Sem bilhete de adeus
Para intrigar filisteus
Pelas ruas vagar
Bater em todas as janelas
Almas vivas encontrar
Ver lanternas a boiar
Noite acabada
Cara arrumada
Vida aceitada
Marcha trotada
Ah! Me dá um beijo
Para eu chorar!
Do livro: "Surdina do contemplado", José Olympio,
1958, RJ