Entre. as cartas de amor com que recordo o encanto
Das antigas paixões extintas no meu seio,
Uma, de todas, há, que é uma tragédia! Tanto
Que ainda hoje me confrange o espírito, se a leio!
Foi movendo-me, aliás, profundíssimo espanto
Em um dia de infortúnio e dissabores cheio,
Que ela, travando a fel e embebida de pranto,
Como um grande remorso ao coração me veio.
"Raul" — dizia, assim, numa letra tremida —
"É urgente que de ti, para sempre, me afaste;
Tenho sacrificado, em vão, a minha vida!
Perdôo-te, porém, todo o mal que me fizeste;
Não te perdôo nunca... é o bem que me negaste,
E as palavras de amor que jamais me disseste!"