Não repare
este olhar despedaçado
jeito sem jeito
voz assustada
de dizer tantas coias
e não dizer nada
arranho poesia nada mais...
não repare
este ar desnudo
cara sem graça
mãos deslocadas
sei: vou me acostumar
minha incrível adaptabilidade
é igual a pé de pobre
que cabe em qualquer sapato
repare em mim
você veterano na arte de ser só
eu inaugurando a solidão