O menino caiu dentro do rio tibum
ficou todo molhado de peixe...
A água dava razinha de meu pé.
João foi na casa do peixe
remou a canoa
depois pan caiu lá embaixo
na água
afundou. Tinha dois pato grande.
Jacaré comeu minha boca do lado de fora.
Nain Remou uma piranha.
Ele pegou um pau pum!
na parede do jacaré...
Veio Maria-preta fazeu três araçás pra mim
Meu bolso teve um sol com passarinhos...
De dia apareceu uma cobrona
deibaixo de João.
Eu matei a boca pequenininha daquela cobra.
Ninguém não tinha um rosto com chão perto.
Deminha mão dentro do quarto
meu lambarizinho
escapuliu — ele priscava
priscava
até cair naquele
meu corixo.
E se beijou todo de água!
Eu se chorei...
A Noite caiu da árvore.
Maria pegou ela pra criar
e ficou preta...
Vi um rio indo embora de andorinhas...
Escuto o meu rio:
é uma cobra
de água andando
por dentro de meu olho...
O sapo de pau
virou chão...
O boi piou cheio de folhas com água.
Eu ia no mato sozinho
o côco de capivaras era rodelinhas — bola de gude
eu quebrei uma com meu sapato
todas viraram chão também...
Você viu um passarinho abrindo naquela casa
que ele veio comer na minha mão?
Minha boca estava seca igual do que
uma pedra em cima do rio.
Do livro: "Compêndio para uso dos pássaros", Livraria São José, 1961, RJ