Um doce alento me mostra
como estar desperto sem estar atento
contente, sem desejar
uma torrente de coisas
Um alento me mostra as vésperas do tempo
a preparação de outros ninhos,
sempre provisórios,
em que somos nós e também somos os vizinhos;
visitantes do distante,
do mais errante,
daquele que repousa um tempo
além dos minutos
e canta muito além da infância
ou das harpas mágicas
a sonoridade de estar
vazio
Do livro: "Trigos azuis", Arte Pau-Brasil, 1996, SP