Numa noite toda branca
encontrarão
um cálice quebrado em minha mão.
À esquerda do cálice, em alemão,
um romance de Kafka.
Então
não haverá espanto
se no chão
ainda
escorre uma solidão
gelada e fina.
Não removam o corpo, nem lhe fechem os olhos.
Não.
Deixem-lhe invadir a perfeição
do abandono mortal
olhando a tenebrosa mão
que encontrou o Graal!
Do livro: "Vitral", João Scortecci Editor, 1995, SP