O fascínio da poesia
é o mistério do poeta.
Resta comer
mastigar
sem pressa
o que faz um poeta
em nome da poesia.
Ele abandonou a lua
e a lira.
A musa
hoje é outra menos bela
menos pura
menos doce.
Hoje ele blasfema
não louva
ele xinga
não ora.
Hoje
ele é mais apavorante
que a miséria e a guerra
e a poesia
está viva nele
como todas as dores
da vida de hoje.
Do livro: "Poemas do momento urgente", Ed. da autora, 1977, RJ