Uma donzela pálida flutua,
cabelos negros, longos e tristonhos,
nos desvãos da memória. Nos meus sonhos
jamais mostra seu rosto ou vulva nua
enquanto a realidade avança crua
e rói-me o cotovelo. Ansioso ponho
no verso o esforço azul com que componho
seu corpo cataléptico de lua:
frigidíssimo corpo de satélite
artificial, a luz do sol repele-te —
vertes terror e peidade em mim
com teu corpo de múmia e sacrifício
pairando num eterno precipício:
teu corpo sem princípio, meio ou fim.