Homens da Paz! — Luz que brilha
quando é noite — Pirilampos!...
Rebanho de mil cordeiros,
com força de mil relâmpagos!
Vinde a mim, vós que, na Terra,
cuidais das vinhas, dos campos!...
.............................................................
É do esforço e do cansaço
que brilha em vosso suor,
do vigor de vosso braço
que bate o malho de cor
que nos surge — passo a passo —
um mundo muito melhor!...
Cada tijolo que nasce,
cada planta que viceja,
cada obra em vossa mão,
cobre de luz vossa face
como cobre a luz na igreja
os santos da devoção!...
Meu irmão!
Santo operário!
Irmão Santo!
Agricultor.
As contas do meu rosário
são feitas da vossa dor!
Eu grito!
E o grito, de volta,
só traz a minha tristeza.
solitária, chã, vazia...
Nenhuma voz de revolta!...
Nenhum eco de nobreza!...
Nem um brado de agonia...
Justiça
Moral
Direito...
três fantasmas... três vadios...
Insiste dentro do peito
um eco longo e sombrio!
... "Meu irmão com fome!..."
... "Meu irmào com sede!..."
... "Meu irmão com frio!..."
Parecem vozes alheias...
Parecem vozes macias...
parecem vindas de idéias
das antigas profecias...
Parecem outras judéias,
outro Enocho, ou novo Elias...
Rosas de fogo.
Brotarão das veias
dessas mãos cheias
dessas mão vazias!...
Vinde a mim, vós que, na Terra,
cuidais das vinhas, dos campos.
Homens da Paz — Luz que brilha
quando é noite — Pirilampos!...
Rebanho de mil cordeiros,
com força de mil relâmpagos!...