Se eu fosse cigano,
como seria minha geografia?
Se eu fosse cigano,
como a noite
viajaria pelo meu sono?
Se eu fosse cigano,
de que me serviria
o quadro dependurado na parede,
se eu teria a paisagem inteira
a me caminhar pela retina?
Se eu fosse cigano,
para que os endereços de rua,
se eu teria o universo como meu roteiro certo?
Se eu fosse cigano,
para que me serivirm o livro
e o mapa e a placa e o guia
se eu me aconselharia com a vida,
mestra bem mais antiga?
Se eu fosse cigano,
nada saberia dos gajões.
Do livro: "Ciganos - poemas em trânsito", Ed. do autor, Macaúbas/BA, 1998