Sofro pelas mulheres
que não conheceram o amor:
as desamadas,
as mal-amadas,
aquelas para quem
o sol não brilhou.
Aquelas que não choraram.
Aquelas que não sofreram.
Aquelas que não gozaram.
Sofro pelas mulheres
que não tiveram
os seios tocados;
que não sentiram
os lábios procurados;
que se cansaram, em vão,
da solidão,
ou jamais dormiram
no leito de um deus.
Sofro pelas mulheres de bronze
que não sentiram
a torturante ausência
do amor
porque vazia foi
a vida e não viveram.
Sofro por todas elas
que não choraram
que não sofreram
que não gozaram
que não, e não, e não.