Eu te vejo daqui
olhando fundo pelas lentes bifocais
que a idade exigiu
e concluo tristonho
pela total incompatibilidade
de gênios.
De repente, é um tal de tentar
descobrir novidades
num passado
que me turva a mente
e sugere tristezas.
Eu te vejo daqui
e sinto teu cheiro na ponta dos dedos
que te acariciaram (há pouco).
Então me descubro surpreso
por não estremecer
como acontecia antes,
quando te via nas ruas, nos bares...
Ah, querida,
que pena que os dias
transformaram meus olhos
que te olhavam bonito!
Agora,
é render-se no tempo
ante a força presente
do passado
que insiste em ressurgir.