Era um dia comum.
Transeuntes taciturnos
Circulavam de um lado para outro,
Desapercebidos da vida...
Apenas a menina
Doce raio de sol
Espalhava sorrisos
Mostrava viver!
Tudo o mais parecia morto!...
O velho desanimado
O rapaz insatisfeito
O motorista desatencioso
O chofer despreocupado...
Somente ela
Formosa promessa
Rara jóia de luz
Contrariando o tédio geral
Retornava feliz da escola!
Mas ao tentar juntar-se às colegas
Em frente ao posto
Foi estupidamente fechada pelo motorista
E tragicamente atropelada pelo chofer...
E, de repente,
A cidade acordou!
Juntou-se toda em torno do ônibus
Para ver a pequena inerte
Dormindo
O sono da morte...
O lúgubre quadro ficou ali...
Por muito tempo!
Estampado em vivas cores,
Mortalmente ensangüentado
À espera, talvez,
Do testemunho materno...
- Ela ainda esta ali!...
Exclamou a irmã horrorizada
Ao vê-la sob o veículo..
A mãe, incrédula, olhou:
E sentiu aguda pontada no peito!...
Lembrou-se da manhã,
Quando aquele mesmo corpinho angelical,
Agora sem vida,
Amorosamente lhe dissera:
- Mamãe, eu vou estudar.
Vou ser muito importante,
Muito importante, mamãe!
Sim...
Por alguns minutos
Importante!...
Morrera barbaramente
Para que a cidade despertasse!
Entretanto,
Logo a multidão se dispersou...
E o dia
Certamente voltaria a ser comum
Se não fossem as ácidas lágrimas da mãe,
E o coração mortalmente ferido,
Indignado!...
Pois a cidade,
Cúmplice,
Omissa,
Ficou como estava...