Quatro de Janeiro
Minhas pernas caminham em meio
Ao tumulto aborígene que forma
A pacata cena de febre
No piso acima, ecoa a minha alma
Nas estrelas eu sempre vejo
Caírem desenhos de filmes fantasmas
E hoje é mais um dia
Que tenho para figurar uma alegria
Que não me ouve mais
O ano se passa e nada convém
Ouvir ou fazer, passar nada além
Por portas vazias e escuras
Por hoje é só, é tudo que figura
Quero passar pelas paredes, e sentir
A marca doce da vivência em quatro de janeiro
E no ninho de cobras o fogo vai cair
E todos os vivos vão meu hálito sentir
E cair, como as púrpuras cobertas
Nas montanhas que se movem em minha mente
Eu percebo que há um ritmo estranho
Que corrói a minha mente
E constrói o paraíso da percepção
E quando ausentes, pesentes
Velhas memórias perdidas de hoje plantaram sementes.
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