As bombas não morrem, me matam.
A guerra nunca acaba, os homens passam
numa ilusão de glória. Uma fuga para a
história. E o paraíso fica distante, uma
utopia. Só. Meus olhos pela janela, esperan-
do que tudo mude. O coração apertado, um gri-
to preso na garganta, uma lágrima nos olhos.
Os outros? Mortos.
As armas pesam nos ombros, os pés se afincam
na areia. Um silêncio condena a alma e um
escuro na consciência. Mesmo assim outra voz
ordena: Avancem! Canhões e metralhadoras que-
bram a resistência. Lança enterrada no peito,
sangue regando o deserto. Precioso ouro
negro. De luto.
Do livro: "Ecos do silêncio", Blocos,1991, RJ
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