Eu sei do mal secreto da cedilha,
dos lábios, da vogal, daquele gomo
de lima ou de limão, que chupo e como
sem deixar de lamber toda a vasilha.
Como quem toca, como quem dedilha
(e como até quem se fizer de pomo),
vou pincelando o meu mercúrio cromo
nas sombras veludosas da virilha.
Passo dentro e por fora, no começo
e no fim, pelo meio e pelo avesso,
passo na frente e atrás, na convicção
de que a poesia e o amor são meu repouso:
nenhum desejo há de ficar sem gozo,
nenhuma língua há de felar em vão.