E assim, dia após dia, meses, anos
perdido o amor, o corpo sem fronteira,
querendo e não querendo, nos seus planos,
ela ainda pediu-me a saideira.
Eu voltei-lhe a cabeça, vacilando,
queria e não queria, cobra em cio,
mas tirei a cueca e fui trepando
como quem mata alguém a sangue-frio.
O inverno era chuva e ventania...
Seu quarto — uma atração já no passado.
Ela me abria... a porta, e eu saía
"Escandalosamente perfumado".
Do livro: "As quatro estações de um vivaldino", Blocos, 1996, RJ