A mudez amadurecia
minha mãe dizia que o dia era de terno —
o café no fogo.
Eu estava de frente para ela
nossos lados eram trocados.
O óbolo traçou paralelas.
Há meses cresciam em cachos
eram quase-palavras.
Os dicionários me ruminavam
eu cheio de mundo
queria me vomitar minhas entranhas.
Abria a boca e entrava mais de tudo.
Será que andei engolindo círculos?
Réguas espalhavam-se sobre o tapete
os dedos escorregavam nas teclas do piano
dinossauros atravessavam relógios.
Foi quando acordei domingo
com ares de reinventando
semi-palavreando versos.
E folha de árvore era roupa,
galho, cabide.