EXPEL(R)INDO
Vou cuspir as contas incalculadas
as senhas esquecidas
as peças mais surradas
Vou cuspir semblantes de tristeza
as noites mal dormidas
a falta, a incerteza
Cuspirei o batom rosa-escarlate
as veias escondidas
a voz que não se abate
E ainda a pinga para o santo
as sombras abatidas
no canto... em qualquer canto
Vou cuspir a maçã podre
a pena do pobre
o ouro e o cobre
Vou cuspir buracos e enchentes
a dor que dói nos dentes
ferida que não cura
Hei de cuspir sorrisos, taturanas
vidros, pedras, mães urbanas
facas, pinças, fé, tortura
E quando as forças estiverem no fim
rirei de mim
e cuspirei minh'alma...
Isabel Machado
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